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11 abril, 2011

" Lá fora, o céu está de um avermelhado carregado, o sol apronta-se para se esconder, para dar lugar á magnifica noite que se espera. Há pouco vento, o existente percorre a atmosfera calmamente, como uma melodia melancólica. Da janela, nota-se o frio lá fora, que chegou sem avisar, o clima tem um ar sereno, amistoso. As folhas da árvores caídas, caminham pela rua, encaminhadas pelo vento. Na rua, agora, não se vê vivalma. Quando ainda era de dia, e o sol estava pendurado no céu, bem ao cimo, encobrido de algumas nuvens, ainda se via algumas pessoas lá fora, que faziam jus ao tempo, com casacos compridos abotoados até ao pescoço. Mas agora está tudo calmo, não se ouve nada, a não ser o tilintar do vento por entre as folhas ainda plantadas. Era uma noite de Outono. Um Outono que se preparava frio, duro e principalmente calmo. Pois eu, sentada diante a janela amarela do meu pequeno covil, apreciava cada momento da passagem do dia para a noite, atenta. Tinha um livro na mão, contava uma história triste, que se juntou á melancolia desse dia. Tinha como rotina sentar-me á noite naquele cadeirão, observando a janela quer faça calor, quer faça frio. Era um hábito genuíno que pretendia guardar para sempre. Um momento de serenidade, para pensar no meu dia, nas minhas acções, nas minhas decisões. Sabia perfeitamente que um dia teria de acabar com ele, com esse momento. Porém continuava na ilusão de fazer daquilo uma rotina decisiva. Pois foi durante aquele momento, contudo era uma noite muito diferente desta, em que o calor predominava e ainda se encontravam bastantes pessoas lá fora, em que descobri o meu sonho. A minha rua inspirava-me, de dia abarrotava de gente, tinha tudo menos de calma. Fosse de dia ou de noite, a minha rua alegrava-me os pensamentos. Achei por graça começar a escrever. Primeiro pequenas ideias, frases de seguida comecei a escrever textos num caderno enfeitado por estrelas, á qual chamava "o livro dos segredos". Não sei o porquê desse nome, nunca soube, mas foi a inspiração daquela rua que me fez escolhê-lo. Descobri aí o meu sonho para a escrita. Um sonho nunca apagado, jamais esquecido com o passar do tempo. Não era, de todo, um sonho passageiro, como quando as crianças querem ser médicos ou bailarinas, era um sonho a sério, um daqueles que eu nunca tinha tido. Era um sonho que estava empenhada a fazê-lo cumprir. Era a coisa que mais me fascinava, aquilo que tinha a certeza de querer. O sonho chegou de uma maneira tão simples, tão rápida. De inicio era uma maneira de passar tempo, mas que agora se resuma a muito mais. Já não é um sonho de criança, é um sonho de mulher. O qual nunca nunca desapareceu, e tudo por causa daquela rua. Que nunca estava igual, dia após dia mudava. No Natal, brilhava mais que tudo, com os seus enfeites, no Páscoa jogava-se ao "busca o ovo" na vizinhança, aí a rua parecia vinda de um desenho de criança. A verdade é que nunca era igual. Tinha muitas maneira de me inspirar, foi a razão da minha escolha. Foi a minha rua. "

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